14 de Dezembro de 2009

 

O tempo está calmo, há uma aragem agradável que sussurra na rama das árvores. De vez em quando passam barquitos ronronando os motores.

Pela relva, nas sombras do arvoredo e até à língua de areia antes das águas traquilas do rio, há muitos casais novos com os seus bebés e filhotes. Ela foi pela margem até Albarquel, a maré esta vazia. Espero aqui. A água do Estuário do Sado brilha num azul espelhado que não é azul nem prata mas os dois, um turquesa leitoso de cristas pequeninas transparentes.

Estou em repouso como se a estiagem me paralizasse o cérebro, não penso, apenas divago ao sabor do tempo que não sinto correr. Os barquitos passam, os motoes que não ronronam, zunem como abelhas ou moscas em enxames. Vem o sol, A sombra foi rolando, ocupava a mesa toda, agora está toda lá fora...

 

publicado por MaiaCarvalho às 09:24

13 de Dezembro de 2009

 

Esplanada do Café Arco-Iris, Praça Marquês de Pombal. Ao lado o famoso “snack” “Comi Cala”. Caracóis e cerveja. Não é por certo o melhor que Setúbal tem mas é uma boa razão para cá vir. Ontem visitámos a Sé, a Igreja de Nossa Senhora da Graça. Setúbal é  uma diocese recente, é celebérimo o seu primeiro bispo a quem todos os reaças e outros, talvez não tanto, chamam “Bispo Vermelho”. Para a mentalidade portuguesa, quem se interessa pelos desafortunados da vida ou do trabalho é certamente comuna. Assim, até eu teria orgulho se me chamassem comunista.

 

publicado por MaiaCarvalho às 23:18

25 de Setembro de 2008

 

A Câmara de Setúbal, através do Programa Polis, conseguiu transformar uma quase lixeira de terrenos incultos, cheios de restos de construções em ruínas, num grande e lindo jardim, com um desafogado parque de estacionamento gratuito, um passeio publico de muito mais de um quilómetro ao longo do rio, onde a relva, os canteiros de flores e as árvores abundam. Há bancos de pedra e de madeira bonitos e não facilmente vandalizáveis, espaços de café com esplanadas, instalações cobertas para ocupação das crianças, terreiro equipado para ginástica e outros exercícios de manutenção (aos sábados há instrutores para treino colectivo, pela manhã e à tarde), mais longe mas ainda à beira-rio, um restaurante com estacionamento próprio e acesso directo à Estrada do Sado.

Alguns reformados, com coletes reflectores como os dos cantoneiros das câmaras, são os Amigos da Conservação do Parque Urbano de Albarquel, que vigiam e dissuadem abusos e vandalismo. Recebem mais uns tostões para juntarem às suas magras pensões. Andam geralmente em grupos de dois, por questões de segurança certamente, e espalham-se pelo jardim e pela restinga de areia.

A praia está com pouca gente mas está calor. Pela manhã parecia que o tempo ia estar coberto mas descobriu e está a aquecer. Sentado no café frente ao mar aprecio a paisagem humana que se move para um lado e para o outro. Há banhistas fora e dentro de água…

Não há mulheres excepcionais! Se calhar até há, só que lhes falta a maquilhagem e um fotógrafo profissional cheio de apetrechos técnicos e iluminação e truques da sua arte. É por isso que nas páginas das revistas há mulheres tão lindas! Se as víssemos com os nossos olhos e ao vivo iam-nos parecer como as outras. Bonitas, sim, algumas mas não excepcionais. A mulher excepcional é uma raridade, vulgarmente, artificial!

Ponhamos os pés na terra, saboreemos a nossa bica e a nossa taça de moscatel e reflictamos:

Não sei se são piores ou melhores gestores, mas os autarcas das câmaras e juntas de freguesias com maiorias comunistas preocupam-se muito mais com equipamentos sociais e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos que os das câmaras de maiorias socialistas ou sociais-democratas. Parece que o maior interesse destes últimos é a protecção dos senhores da terra, dos senhores da indústria e do comércio (sequela dos tempos medievais, com senhores e burgueses a apropriarem da mais valia do trabalho dos servos). Daí o haver mais dinheiro nestas e mais gente feliz e consequentemente saudável nas outras.

publicado por MaiaCarvalho às 19:06

21 de Setembro de 2008

 

Comoveu-me mas, piegas como eu sou, haverá alguma coisa que não me comova? Porquê? Aquele ar horrível, magríssima, olhos azuis, tão claros que não conseguiam revelar a mínima emoção… alguma vez terá sido bonita? Até foi, certamente, mas porque se aborreceu tanto de si? Fazia parte e um grupo de três ou quatro rapazes todos muito magros, muito feios, tal como ela, vestidos de negro e outros tons indefinidos mas escuros e vários cães grandes e menos grandes, quatro ou cinco, sendo que dois dos cães eram coxos. Pareciam mais bem alimentados que os rapazes.

As drogas devem ser realmente muito boas, darem a quem as toma grande prazer! Mas se há tanta beleza até nas bagas de amoras das silvas que tantos espinhos têm, porque é que estes seres (ainda o serão?) preferem os seus paraísos artificiais, apesar de tanta porrada que apanham da sociedade dita civilizada, e não vêem beleza nem felicidade nas coisas pequenas do Mundo, as mais belas!

Tocou várias coisas à volta das mesas da esplanada. Umas sem pés nem cabeça mas, muito certinha, uma melodia conhecida que ainda mais me emocionou. Andou nisto uns poucos minutos, talvez dez, depois calou-se o pífaro e de boné que tirou da cabeça estendido, veio de mesa em mesa. Quis dar-lhe tudo o que tinha no porta-moedas à semelhança do hipócrita do Fernando Pessoa que dava tudo o que tinha no bolso onde tinha menos dinheiro, ao pedinte e vagabundo… mas não dei. Não me perguntem porquê? Eu acho que foi por cobardia.

 

publicado por MaiaCarvalho às 19:55

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