Uma manhã de Agosto, no Pingo Doce, no Pombal Shopping. Casa cheia, muitos… como direi, falantes de francoguês, aquela algaraviada a que os franceses chamam ‘langage de concierge’ que se fala muito nos subúrbios das cidades e que os indígenas franceses têm alguma dificuldade em compreender.
Ah, bom! Lá, lá-lá! Bla-bla-bla-la! Ça va!
«Creio já ter sido apresentado numa das faculdades de uma Universidade de Lisboa, uma tese sobre influências do linguarejar dos emigrantes franceses regressados, no vocabulário activo do português comum. E não se trata só do anedótico ‘carné para pôr os chifres do meu marido’, incluem-se também ‘pubela’, escrito assim mesmo no latão do lixo ou o: guarde-me aqui ‘a minha praça’, na fila para entregar os boletins do IRS nas finanças. Isto, sem levarmos em conta expressões, com mais de cinquenta anos, como vacanças ou parachutistas.»
Passam junto a mim, dois africanos, negros, retintos. Comenta um para o outro:
- Eh pá, estes portugueses vão para a França e esquecem o falar português.
Frase dita em claro e bem articulado português. Quase bati palmas! É por isto que prefiro os imigrantes: Têm um ar lavado, polido, distinto e até falam português escorreito. Os emigrantes em França são broncos, mal alinhados, com ar pouco limpo e desleixado…