A Câmara de Setúbal, através do Programa Polis, conseguiu transformar uma quase lixeira de terrenos incultos, cheios de restos de construções em ruínas, num grande e lindo jardim, com um desafogado parque de estacionamento gratuito, um passeio publico de muito mais de um quilómetro ao longo do rio, onde a relva, os canteiros de flores e as árvores abundam. Há bancos de pedra e de madeira bonitos e não facilmente vandalizáveis, espaços de café com esplanadas, instalações cobertas para ocupação das crianças, terreiro equipado para ginástica e outros exercícios de manutenção (aos sábados há instrutores para treino colectivo, pela manhã e à tarde), mais longe mas ainda à beira-rio, um restaurante com estacionamento próprio e acesso directo à Estrada do Sado.
Alguns reformados, com coletes reflectores como os dos cantoneiros das câmaras, são os Amigos da Conservação do Parque Urbano de Albarquel, que vigiam e dissuadem abusos e vandalismo. Recebem mais uns tostões para juntarem às suas magras pensões. Andam geralmente em grupos de dois, por questões de segurança certamente, e espalham-se pelo jardim e pela restinga de areia.
A praia está com pouca gente mas está calor. Pela manhã parecia que o tempo ia estar coberto mas descobriu e está a aquecer. Sentado no café frente ao mar aprecio a paisagem humana que se move para um lado e para o outro. Há banhistas fora e dentro de água…
Não há mulheres excepcionais! Se calhar até há, só que lhes falta a maquilhagem e um fotógrafo profissional cheio de apetrechos técnicos e iluminação e truques da sua arte. É por isso que nas páginas das revistas há mulheres tão lindas! Se as víssemos com os nossos olhos e ao vivo iam-nos parecer como as outras. Bonitas, sim, algumas mas não excepcionais. A mulher excepcional é uma raridade, vulgarmente, artificial!
Ponhamos os pés na terra, saboreemos a nossa bica e a nossa taça de moscatel e reflictamos:
Não sei se são piores ou melhores gestores, mas os autarcas das câmaras e juntas de freguesias com maiorias comunistas preocupam-se muito mais com equipamentos sociais e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos que os das câmaras de maiorias socialistas ou sociais-democratas. Parece que o maior interesse destes últimos é a protecção dos senhores da terra, dos senhores da indústria e do comércio (sequela dos tempos medievais, com senhores e burgueses a apropriarem da mais valia do trabalho dos servos). Daí o haver mais dinheiro nestas e mais gente feliz e consequentemente saudável nas outras.