22 de Outubro de 2008

Pombal, também, não é só o quartel general dos "patos bravos" nacionais (gíria lisboeta, do final do século XX, para empreiteiros).


Ainda há alguns jardins (não tantos quanto seria desejável)  bonitos, que nos surpreendem todos os dias.


Um deles é o Jardim do Arunca, onde foram tomadas as fotos que ilustram esta postagem.

 

 

publicado por MaiaCarvalho às 08:38

16 de Outubro de 2008

 

 

«Estavas, linda Inês, posta em sossego,

 De teus anos colhendo o doce fruito,

 Naquele engano de alma, ledo e cego,

 Que a Fortuna não deixa durar muito,

 Nos saudosos campos do Mondego,

 De teus formosos olhos nunca enxuito,

 Aos montes ensinando e às ervinhas

 O nome que no peito escrito tinhas.»

Est. 120, Canto III de Os Lusíadas.

 

 

 

Sim, é muito comovente mas será verdadeiro?

Como tudo, em História, é difícil afirmá-lo peremptoriamente. D. Pedro é visto muitas vezes como o “rei gago, mau, furioso, cruel e carrasco”, será possível amar um homem assim? Depois de, na juventude, ter lido “O Monte dos Vendavais” e durante toda a minha vida profissional, trabalhando sempre entre mulheres e ouvindo-as, sei que é possível, para uma grande parte delas. Mas, ele? Amaria mesmo a D. Inês, ou toda aquela fúria era mesmo só isso, fúria gratuita e orgulho ferido, luto nunca conseguido, afirmação tenaz de “vontade de poder”?

A beleza dos túmulos, a transladação do cadáver da rainha (é provável que tenha casado com ela secretamente) de Coimbra para Alcobaça, numa procissão lúgubre, que parou em Condeixa, Pombal e Leiria, foi amor ou ostentação?

 

 

 

 

publicado por MaiaCarvalho às 12:58

06 de Outubro de 2008

Quase anoitece, debruçado sobre a baía em concha, chá verde e torrada sobre a mesa em que escrevo, a 4 de Outubro, Sábado.

Esta tarde visitámos o Mosteiro de Alcobaça. Só me lembro de o ter visitado em garoto, a caminho ou no regresso de Fátima a Lisboa. Sabia que estavam lá os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, lembrava-me de uma enorme cozinha, onde a minha avó Emília me ia explicando que era atravessada pelo Rio Baça e misturavam-se nessas memórias de brumas, outras memórias de fotografias de livros de História e de Arte. Mas hoje vi-o conscientemente, não completamente que é fisicamente impossível, mas com a minúcia do que pode ver-se em quatro horas de visita.

Arcos e arcos, corredores e corredores, salas e salas, cozinha, adega, refeitório, claustros, dormitórios, sala do capítulo, igreja, capelas… colunas, cada uma mais espantosa que as outras, de traços, volutas, ramos, folhas, gavinhas, animais, bolotas… os olhos aquietavam-se embriagados, tais os néctares de beleza que nos eram servidos.

Depois apreciámos o trabalho. O bruto e o especializado, o grosseiro e o finamente lavrado… tantos! Há sangue de homens, de alguns certamente, naquelas pedras, mas o seu nome passou, conhecido por meia dúzia de companheiros contemporâneos, ignorado de mestres e artistas e mais ainda dos mecenas que propiciaram a obra. Mosteiro de cistercienses, um ramo notável da família dos beneditinos que tanta importância teve na génese da nação portuguesa. Os domínios desta Ordem estendiam-se das Serras de Aires e Candeeiros ao Atlântico. E se o rei abria assim mão de tal parcela do território conquistado não era por simples questão de Fé, havia mais, um interesse muito material em valorizar, povoar, arrotear, cultivar e criar riqueza. Não para o povo que esse coitado, contentava-se com as migalhas, mas para o clero, essencialmente formado por nobres sem acesso à herança da família.

Continuarei, noutra altura, com os túmulos dos Reis D. Pedro e D. Inês.

 

 

 

publicado por MaiaCarvalho às 19:46

02 de Outubro de 2008

 

Uma manhã de Agosto, no Pingo Doce, no Pombal Shopping. Casa cheia, muitos… como direi, falantes de francoguês, aquela algaraviada a que os franceses chamam ‘langage de concierge’ que se fala muito nos subúrbios das cidades e que os indígenas franceses têm alguma dificuldade em compreender.

Ah, bom! Lá, lá-lá! Bla-bla-bla-la! Ça va!

«Creio já ter sido apresentado numa das faculdades de uma Universidade de Lisboa, uma tese sobre influências do linguarejar dos emigrantes franceses regressados, no vocabulário activo do português comum. E não se trata só do anedótico ‘carné para pôr os chifres do meu marido’, incluem-se também ‘pubela’, escrito assim mesmo no latão do lixo ou o: guarde-me aqui ‘a minha praça’, na fila para entregar os boletins do IRS nas finanças. Isto, sem levarmos em conta expressões, com mais de cinquenta anos, como vacanças ou parachutistas

Passam junto a mim, dois africanos, negros, retintos. Comenta um para o outro:

- Eh pá, estes portugueses vão para a França e esquecem o falar português.

Frase dita em claro e bem articulado português. Quase bati palmas! É por isto que prefiro os imigrantes: Têm um ar lavado, polido, distinto e até falam português escorreito. Os emigrantes em França são broncos, mal alinhados, com ar pouco limpo e desleixado…

publicado por MaiaCarvalho às 14:12

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