28 de Setembro de 2008

 

 

Esta saída para Ponte de Lima tem-se revelado uma experiência maravilhosa, tenho contactado muito com as coisas da terra, tenho regalado os olhos.

Como é que uma vila, muito mais rural do que Pombal, consegue ter tanto movimento na sua zona histórica? Há gaivotas no ar e o mar, rio abaixo, fica a cerca de trinta quilómetros. Os jardins estão bem arranjados e cheios de pessoas que passeiam e conversam.

O gajo que se lembrou de fazer de Pombal uma imitação de cidade precisava dos poucos neurónios encastoados em bosta.

Vila do Pombal de Cristo, até o nome era bonito para ter sido preservado eternamente. Mas não, um grupo de cagões achou mais progressista o nome Cidade de Pombal. Até o ‘do’ da designação antiga eles enjeitaram. Vejamos o exemplo de uma outra vila pombalina – Oeiras – tem mais de 300.000 habitantes, ocupa uma área geográfica de uns quantos quilómetros quadrados mas quer continuar a ser Vila; Pombal, com 8.000 habitantes, uns dez quilómetros quadrados, se tiver, quis ser parolamente cidade. É, presunção e água benta…

 

publicado por MaiaCarvalho às 19:27

25 de Setembro de 2008

 

A Câmara de Setúbal, através do Programa Polis, conseguiu transformar uma quase lixeira de terrenos incultos, cheios de restos de construções em ruínas, num grande e lindo jardim, com um desafogado parque de estacionamento gratuito, um passeio publico de muito mais de um quilómetro ao longo do rio, onde a relva, os canteiros de flores e as árvores abundam. Há bancos de pedra e de madeira bonitos e não facilmente vandalizáveis, espaços de café com esplanadas, instalações cobertas para ocupação das crianças, terreiro equipado para ginástica e outros exercícios de manutenção (aos sábados há instrutores para treino colectivo, pela manhã e à tarde), mais longe mas ainda à beira-rio, um restaurante com estacionamento próprio e acesso directo à Estrada do Sado.

Alguns reformados, com coletes reflectores como os dos cantoneiros das câmaras, são os Amigos da Conservação do Parque Urbano de Albarquel, que vigiam e dissuadem abusos e vandalismo. Recebem mais uns tostões para juntarem às suas magras pensões. Andam geralmente em grupos de dois, por questões de segurança certamente, e espalham-se pelo jardim e pela restinga de areia.

A praia está com pouca gente mas está calor. Pela manhã parecia que o tempo ia estar coberto mas descobriu e está a aquecer. Sentado no café frente ao mar aprecio a paisagem humana que se move para um lado e para o outro. Há banhistas fora e dentro de água…

Não há mulheres excepcionais! Se calhar até há, só que lhes falta a maquilhagem e um fotógrafo profissional cheio de apetrechos técnicos e iluminação e truques da sua arte. É por isso que nas páginas das revistas há mulheres tão lindas! Se as víssemos com os nossos olhos e ao vivo iam-nos parecer como as outras. Bonitas, sim, algumas mas não excepcionais. A mulher excepcional é uma raridade, vulgarmente, artificial!

Ponhamos os pés na terra, saboreemos a nossa bica e a nossa taça de moscatel e reflictamos:

Não sei se são piores ou melhores gestores, mas os autarcas das câmaras e juntas de freguesias com maiorias comunistas preocupam-se muito mais com equipamentos sociais e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos que os das câmaras de maiorias socialistas ou sociais-democratas. Parece que o maior interesse destes últimos é a protecção dos senhores da terra, dos senhores da indústria e do comércio (sequela dos tempos medievais, com senhores e burgueses a apropriarem da mais valia do trabalho dos servos). Daí o haver mais dinheiro nestas e mais gente feliz e consequentemente saudável nas outras.

publicado por MaiaCarvalho às 19:06

21 de Setembro de 2008

 

Comoveu-me mas, piegas como eu sou, haverá alguma coisa que não me comova? Porquê? Aquele ar horrível, magríssima, olhos azuis, tão claros que não conseguiam revelar a mínima emoção… alguma vez terá sido bonita? Até foi, certamente, mas porque se aborreceu tanto de si? Fazia parte e um grupo de três ou quatro rapazes todos muito magros, muito feios, tal como ela, vestidos de negro e outros tons indefinidos mas escuros e vários cães grandes e menos grandes, quatro ou cinco, sendo que dois dos cães eram coxos. Pareciam mais bem alimentados que os rapazes.

As drogas devem ser realmente muito boas, darem a quem as toma grande prazer! Mas se há tanta beleza até nas bagas de amoras das silvas que tantos espinhos têm, porque é que estes seres (ainda o serão?) preferem os seus paraísos artificiais, apesar de tanta porrada que apanham da sociedade dita civilizada, e não vêem beleza nem felicidade nas coisas pequenas do Mundo, as mais belas!

Tocou várias coisas à volta das mesas da esplanada. Umas sem pés nem cabeça mas, muito certinha, uma melodia conhecida que ainda mais me emocionou. Andou nisto uns poucos minutos, talvez dez, depois calou-se o pífaro e de boné que tirou da cabeça estendido, veio de mesa em mesa. Quis dar-lhe tudo o que tinha no porta-moedas à semelhança do hipócrita do Fernando Pessoa que dava tudo o que tinha no bolso onde tinha menos dinheiro, ao pedinte e vagabundo… mas não dei. Não me perguntem porquê? Eu acho que foi por cobardia.

 

publicado por MaiaCarvalho às 19:55

17 de Setembro de 2008

 

 

Café Torralta em Almograve, dia 25 de Junho de 2008, esplanada. Já fomos à Longueira. Andámos, andámos e regressámos aqui duas horas depois.

Na pousada está um grupo de crianças deficientes com os respectivos monitores e professores. É um trabalho que reputo muito duro, muito mais duro do que o dos professores ditos do ensino regular. Como sempre comovi-me e inquietei-me. Inquietei-me com a imprevisibilidade destes seres humanos, com o seu aspecto, com as suas limitações, algumas tão profundas que envolvem a própria sobrevivência, necessidades tão básicas como a alimentação própria. E pensei, em termos neoliberais, no negócio que, nos Estados Unidos e qualquer dia no nosso próprio País, estas crianças representariam para uma qualquer ou várias Seguradoras privadas.

O que me incomoda, no equívoco do 25 de Abril, é que eu sonhei que nunca mais a saúde, a vida, a morte, a energia, a banca, os seguros, a educação, as redes de transportes e comunicações iriam ser negócios. Os nossos governantes, de socialismo na gaveta, tudo privatizaram ao desbarato. Hoje, fingem arrepelar os cabelos com o preço da gasolina e do gasóleo que podiam controlar se as companhias fossem nacionais; fingem incomodar-se muito com a suposta corrupção das instituições bancárias, furacão dixit, e os seus lucros escandalosos; aparentam preocupação com a Educação, a Segurança Social, o Sistema Nacional de Saúde cujas mais lucrativas fatias venderam a particulares. Escandalizam-se ficticiamente com os exagerados salários dos gestores, mas é lá que esperam ingressar depois de uns anitos de passagem numa qualquer secretaria de estado ou ministério.

Ah! Aquelas crianças… como nos devíamos congratular por, na grande lotaria dos genes, os nossos estarem na ordem considerada certa.

publicado por MaiaCarvalho às 18:20

15 de Setembro de 2008

 

 

Praça e pastelaria Bocage em Setúbal, dia 25 de Julho de 2008, esplanada, bica, água, jornal. Ontem, ao fim da manhã, apareceu aqui na praça uma equipa da SIC numa reportagem de rua coma Bárbara Guimarães. A televisão engana: julgava-a mais bonita, mais mulher. Afinal é uma franga magríssima, empoleirada nuns sapatos de saltos altíssimos para parecer mais alta. Fotografei-a várias vezes: é o meu contributo para a posteridade – a minha “Anitas” a falar com um pivot da televisão nacional. Há nuvens no céu, hoje, a esplanada está cheia, um grupo de turistas (jovens alunos de algum curso de Verão?) admiram a porta manuelina da Igreja de S. Julião. Um guia careca de meia-idade explica e aponta, dirige-se a uma das colunas do pórtico e afaga a pedra. O seu público não parece muito entusiasmado. Aqui, no gaveto da Praça do Bocage com a Rua Serpa Pinto, ao lado do prédio da Relojoaria Pimpão, na varanda do 2.º andar, está um letreiro: ODETE SANTOS, ADVOGADA. Será o escritório da deputada da nação, Odete Santos?

publicado por MaiaCarvalho às 17:57

11 de Setembro de 2008
Feira Ponte de Lima.jpg
Estive em Ponte do Lima recentemente, cerca de uma semana. A vila é um jardim com uma zona histórica cheia de monumentos, recantos floridos e muitas árvores. Até oliveiras na sua praça mais nobre e um larga alameda de bem mais de um quilómetro, ensombrada pelo vasto dossel de dezenas de plátanos enormes. Dá para os feirantes, duas vezes por mês, feirarem à sombra. E até tem um Marquês de Ponte de Lima!
A raiva que me dá ver o desprezo com que os pombalenses de nascimento tratam Pombal. Parece que os pombalenses por opção (os que moram e trabalham cá, mesmo sem aqui haverem nascido) são muito mais legítimos defensores das tradições da pretensa cidade que os seus naturais. – O natural de Pombal só tem um pensamento: ganhar dinheiro! Aqui, no estrangeiro, no Algarve ou no Alentejo. Só assim consigo entender a sanha com que destroem o seu património histórico para construírem mamarrachos modernos iguais aos que existem em todo o lado, nas cidades e vilas desumanizadas. Pobre terra que em vez de reconstruir e recuperar destrói irremediavelmente o seu Centro Histórico que na prática já não existe.
Nota: Nenhum dos estudiosos que escreveram com maior fôlego sobre Pombal, nasceram no seu concelho, nem o Dr. Pombo, nem o Dr. Amadeu Mora nem, mais recentemente, o professor Joaquim Eusébio. Isto deve ter algum significado!
publicado por MaiaCarvalho às 20:10

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