Logo à ida, quando passámos em Pedra do Altar, parámos para beber café e desenferrujar as pernas, no Restaurante dos Amigos, onde costumam também parar muitos camionistas, para meter água.
Este tinha um ilustre companheiro de viagem: um cãozito, equipado com colete reflector e tudo que, no meio dos objectos do tablier, parecia também um boneco. Se não se tem mexido e latido (aquilo nem era ladrar!), não dávamos por ele.
Aprendi, desde o tempo em que viajava profissionalmente, que os restaurantes onde se deve parar para comer ou beber, devem ser aqueles em que os camionistas também param. Eles é que sabem onde se come e bebe bem!

Pois o cãozito Rafa era um amor de cachorro. Gostamos muito de cães! Temos até uma rafeira chamada Luna. Apanhou-a o meu filho Filipe, abandonada numa noite de chuva, ainda bebé com uma irmãzita, a Sacha. Ainda traziam os cordões umbilicais agarrados à barriga. Criámo-las a biberão eu e a minha mulher, levantávamo-nos de noite e tudo para lhes darmos leite de três em três horas. Ela tratava da Luna, eu tratava da Sacha. Era como se fossem gémeos e voltássemos a ter filhos pequenos cá em casa. Quando a Joana se casou quis levar a Sacha para casa dela e nós deixámos.
Quando andamos a passear cumprimentamos todos os cães que encontramos, principalmente os vadios, são os mais agradecidos.