Por motivos da minha vida privada não pude, como desejava, ir assistir aos debates da Assembleia Municipal. (Ainda haverá debates? É que já lá não vou quase há dez anos).
Veremos se amanhã, os possuidores de blogues cá da terra nos dão notícia do que lá se passou que os jornais só para a semana são actualizados!
É que, segundo os periódicos locais, a sessão promete!
publicado por MaiaCarvalho às 19:38
Ontem no Esquina, olhei à minha volta com atenção coisa que já há muito tempo não fazia. Tenho andado neura, desinteressado bastante do que me rodeia. Tento olhar e parece-me que só me vejo a mim.
Reparei que as mulheres da cidade andam mais tristes ou sou eu que as estou a ver com os olhos da minha tristeza.
Os seus semblantes estão como que toldados, a beleza que em muitas existe está baça (como que vista através de uma névoa), os sorrisos forçados, artificiais e soando a falso, o riso ausente
Porque será?
Também ontem acabei de ler o livro de memórias de Maria Filomena Mónica Bilhete de Identidade.
Senti angústia nas frases daquela mulher! O livro é quase inútil e incompreensível se não nos concentrarmos na situação extrema em que se encontra a escritora Alzheimer da mãe que a obriga a revirar-se toda interiormente como se usa fazer às tripas dos enchidos para as lavar e preparar para receberem o recheio.
Sou mais velho que ela meia dúzia de anos mas grande parte dos espaços a que se refere, são espaços coincidentes com alguns dos meus, em Lisboa, na mesma época Vavá; Campo Grande; Biblioteca Nacional e outros locais da capital nos anos sessenta.
Alguns nomes das personagens citadas ouvi-os nos anos quarenta e cinquenta nos Médicos da Caixa, na Escola Primária e no Liceu: O médico Salazar de Sousa, que a tratou da disenteria em Cascais, foi meu médico de família na Caixa de Previdência dos Empregados e Operários da Companhia das Águas de Lisboa; e apelidos de Guardiola, Correia Guedes, Pinto Coelho, Cunha Teles e Galvão Teles, eram apelidos que usavam alguns colegas da Escola Primaria do Campo Grande, os dois primeiros se a memória não me falha, e os outros no Liceu Camões.
Ela era a menina bem burguesa e eles da mesma maneira, eu era o menino rude e proletário. Quando entrei no primeiro ciclo do liceu em Outubro de 1948 que me lembre, em todo o primeiro ano, havia só quatro filhos de proletários: eu e o Eduardo, filhos de motoristas - o meu pai da CAL o dele da CARRIS, o filho de um polícia, cujo nome não recordo e o filho de um solado da Guarda Republicana com quem andava muitas vezes à porrada e cujo nome esqueci.
Hoje comecei a ler «A Ilusão Neoliberal». Acho que vou gostar muito, pois está em desacordo com quase tudo o que os governos hodiernos na Europa estão a fazer.
publicado por MaiaCarvalho às 20:03
Já ontem um comentador anónimo, que prezo tanto quanto os que se identificam, havia comentado que lhe parecia que o sinal do início da Travessa do Cais já havia sido substituído.
Hoje, a primeira coisa que fiz quando saí, foi ir verificar. É verdade, o sinal foi substituído.
Agora já podemos aceder ao Parque de Estacionamento sem infringir o Código da Estrada.
A Câmara às vezes, quando é alertada, até trabalha rápido. Parabéns!
publicado por MaiaCarvalho às 11:51
Tenho saudades da minha escola, talvez mais, porque a minha escola já não existe Foi destruída por uma das últimas reformas da rede escolar. A escola da Rua Prof. António Fortunato da Rocha Quaresma, a EB1 n.º 1 de Pombal.
Era uma escola com carácter, com um projecto educativo próprio, com um espírito de corpo docente e discente que deixou de existir, foi absorvida por um agrupamento sem garra, sem vida pedagógica própria, que passou a sede de agrupamento só porque leccionava o 2º. Ciclo, a maldita lei estava mal feita e não tinha em consideração as boas escolas primárias as que trabalhavam com a comunidade!
E, assim, uma escola, que funcionou com uma direcção em "part-time", apropriou-se de uma outra que por direito devia ser a cabeça do agrupamento.
Neste nosso Portugal têm-se feito reformas no Sistema Educativo que, se a palavra não fosse tão gravosa, eu apelidaria de criminosas.
Reforma-se porque está na moda, ninguém avalia os passos que já foram dados mesmo que tenham sido úteis à sociedade.
O tal Botinhas, o Ditador, abria escolas nos mais distantes e inóspitos lugares para puxar pelo povo, estes Socialistas fecham-nas porque é muito caro mantê-las abertas. Sem dó nem piedade, mesmo que os meninos se levantem de madrugada, cheguem, depois de uma hora ou mais de viagem, sonolentos à escola, e regressem a casa já depois do sol-posto. Que amor estas crianças podem criar às suas terras? Mal as vêem, nunca vão brincar nelas; os rios e os cabeços, os prados e os bosques vão ser para eles coisas estranhas que os de fora vão poder destruir à vontade sem que eles sintam qualquer raiva e se oponham a isso!
publicado por MaiaCarvalho às 19:17
Esteve, ou está, em discussão pública a reorganização do trânsito na pseudo zona histórica de Pombal.
Outros dizem que o tal parque da Praça Nova, antiga "Praça Velha", vulgo Praça Marquês de Pombal, com um horário bem definido (08H00 às 20H00) - à noite não há estacionamento para ninguém! - já está em funcionamento.
Já fiz notar noutro blogue pombalense "Sitio do Pimpas" que a entrada pela Travessa do Cais se fazia em contra-mão.
Parece que ninguém ligou a isso pois o sinal de sentido proibido ainda lá está.
Venho pois, "respeitosamente", propôr à excelentíssima câmara que mude o sinal de sentido proibido para rua sem saída, como a imagem deste post sugere, para evitar que os utilizadores do parque possam sentir complexos de culpa por infringirem o "Código da Estrada"
publicado por MaiaCarvalho às 11:18
Ontem nasceu a Maria Celeste, o meu sexto neto!
Se os meus filhos forem, pelo menos, tão bons como eu, dentro de alguns anos terei trinta e seis netos!
publicado por MaiaCarvalho às 18:51
Um deputado anda a passear tranquilamente quando é atropelado e morre.
A alma dele chega ao Paraíso e dá de caras com São Pedro na entrada.
- Bem-vindo ao Paraíso! - diz São Pedro. - Antes que você entre, há um problemazinho.
Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem que fazer com você.
- Não vejo problema, é só me deixar entrar diz o antigo deputado.
- Eu bem gostaria, mas tenho ordens superiores. Vamos fazer o seguinte: Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Assim, pode escolher onde quer passar a eternidade.
- Não é preciso, já resolvi. Quero ficar no Paraíso - diz o deputado.
- Desculpe, mas temos as nossas regras.
Assim, São Pedro acompanha-o até ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno.
A porta abre-se e ele vê-se no meio de um lindo campo de golfe. Ao fundo, no clube estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado. Todos muito felizes em traje social.
Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo. Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar.
Quem também está presente é o diabo, uma pessoa muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas.
Eles divertem-se tanto que, antes que ele perceba, já está na hora de se ir embora.
Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.
Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está à espera dele:
- Agora é a vez de visitar o Paraíso.
Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, tocando harpas e cantando.
Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna:
- Então? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Agora escolha a sua casa eterna. Ele pensa um minuto e responde:
- Olha, eu nunca pensei
O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno.
Então São Pedro leva-o de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até ao Inferno.
A porta abre-se e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo. Vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas, catando o entulho e metendo trampa em sacos pretos.
O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do deputado.
- Não estou entendendo gagueja o deputado Ontem mesmo estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançámos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!
O diabo olha para ele, sorri ironicamente e diz:
- Ontem estávamos em campanha eleitoral. Agora, já conseguimos o seu voto...
Recebida por e-mail com o pedido de passar.
Tem de ser repassada!
publicado por MaiaCarvalho às 15:12
Vou deixar de comentar blogues de pombalenses.
Uns porque fazem leitura prévia dos comentários (e conheço-os como críticos do Estado Novo e seu sistema de censura e exame prévio), outros porque são malcriados e não retribuem as visitas e outros por ambas as coisas.
A liberdade é uma donzela delicada que muitos admiram mas poucos respeitam!
publicado por MaiaCarvalho às 12:42
Parece que o municipalismo selvagem está a por em causa a coesão territorial do país. A própria Ordem dos Engenheiros põe em causa a forma como estão a se conduzidas as obras públicas, recomendando a sua centralização no Ministério das Obras Públicas, chamando a atenção para «obrigatoriedade de revisão dos projectos de obras públicas, cujas falhas e omissões servem muitas vezes para os empreiteiros fazerem ajustes ao custo das obras, usando argumentos legais, para compensar os preços baixos com que ganharam os concursos.»
O bastonário da Ordem dos Engenheiros, Fernando Santo chama a atenção no Público de hoje para o «Risco de segurança das empreitadas» e acusa ainda «A introdução da figura de coordenador de segurança de obra feita em 1995, na sequência da transposição de uma directiva europeia. Uma função feita à medida dos técnicos de segurança e higiene no trabalho, um curso que atraiu muitos licenciados de cursos sem a componente de Matemática, Física ou Engenharia, e pessoas no desemprego».
Depois admiram-se quando caem pontes ou viadutos em construção!
publicado por MaiaCarvalho às 11:30
O que se está a passar com Pombal é um fenómeno comum a bastantes cidades: - A terciarização da sua actividade económica, o envelhecimento dos residentes e a degradação dos prédios de habitação do centro da cidade.
Os prédios antigos não são recuperados, são demolidos e, em seu lugar, constroem-se prédios modernos vocacionados para escritórios e lojas, preterindo a ocupação habitacional. Isto gera um ermamento dos centros, incluindo os históricos, deslocando-se as populações para as periferias.
É fácil verificar que depois das 21 horas, nos dias úteis, e aos sábados e domingos (tirando o breve período das horas das missas) o centro de Pombal é um deserto.
Centros Comercias à média luz, com os seus espaços comerciais fechados a partir das 21 horas, ruas desertas onde até cafés, que até há bem poucos anos, ofereciam as suas mesas para uma bebida e conversas longas entre amigos, estão agora fechados e de luzes economicamente apagadas.
Não passa ninguém com aspecto normal e, por isso, surgem aqueles jovens mais ou menos "enragées", muitos blacks e imigrantes de outras etnias, falando alto, marmelando sentados pelos mais variados sítios, incluindo aquele arremedo de "pelourinho" na Praça 5 de Outubro, obrigando as abnegadas forças da PSP a vigilância redobrada. Queixa-se um outro blogueiro pombalense, o Palumbar, de que o centro de Pombal e algumas outras ruas têm pouca iluminação. Mas será que faz falta mais iluminação? É que estas actividades, mais ou menos paralelas, mais ou menos erotizadas, mais ou menos narcotizadas, não necessitam de muita luz. E o economicismo dominante exige medidas de contenção.
Depois, há certas ruas que, se mais iluminadas, iriam perder a sua função social de permitirem o discreto embarque em automóveis, de mais ou menos topo de gama, das respeitáveis meninas e senhoras sobre as quais deve impender o mais discreto anonimato.
Infelizmente isto não é pecha nossa, em Lisboa já é assim há muito tempo! Mas eu depositei tantas esperanças em Pombal!
publicado por MaiaCarvalho às 20:11