18 de Outubro de 2005
Fiz há pouco referência à forma de resolver o problema dos 2.000.000 de pobres do nosso país. A ideia nem é original. Pode encontrar-se numa excelente obra literária do séc. XVIII, de que abaixo transcrevo os parágrafos iniciais.


«NADA IMPRESSIONA TANTO
os que percorrem a nossa capital, ou viajam pela nossa província, como o espectáculo dos mendigos que atravancam ruas, estradas, o umbral dos casebres, acompanhados de três, quatro, seis filhos andrajosos que interpelam o transeunte de mão estendida. Mães de família, que poderiam ser trabalhadoras mui dignas, todo o dia se atiram para a rua a mendigar o pão dos filhos que a morte não saberia de outro modo poupar e cuja inactividade arrastará forçosamente à rufiagem ou a mercenários, em Espanha, desse Pretendente que os arranca à querida Pátria, ou ainda a escravos voluntários nas Ilhas Barbadas.
Todos os partidos aceitam como verdade (julgo eu) que este prodigioso número de crianças nos braços, às costas ou agarradas à mãe (quando não ao pai) constitui muito grande e suplementar contratempo na actual conjuntura do Reino. Por isso toda a actuação radical, barata e fácil tendo em vista integrá-las com êxito e durabilidade na riqueza nacional há-de ser de apreciável interesse público, e ao seu teorizador deveria levantar-se, ao menos, uma estátua como benfeitor da nação.
Não pretendo (longe de mim tal ideia) restringir este projecto aos filhos dos mendigos profissionais. Concebo-o mais vasto e susceptível de englobar a totalidade das crianças de uma determinada idade cujos pais se encontram em tão más condições de prover ao seu sustento como os pedintes das ruas.
Nos vários anos de reflexão que eu consagrei a este importante projecto depararam-se-me outros, de autorias várias, invariavelmente atingidos por grosseiros erros de cálculo. Uma coisa ressaltou como certa: toda a mãe pode amamentar o seu filho durante um ano solar, contado desde o parto, bastando dispor de um pequeno suplemento alimentício avaliável em menos de dois xelins ao dia, soma que o exercício legal da mendicidade garante, por certo, em numerário ou restos de comida. O meu projecto dirige-se, por isso, às crianças com a precisa idade de um ano e pretende fazê-las contribuir para a alimentação e vestuário de muitos milhares de homens, deixando de constituir um fardo para os seus pais ou a paróquia e evitando que lhes falte pão e roupa em todo o resto da vida.
O meu plano ainda pressupõe outra vantagem que é anular os casos de aborto voluntário e a horrível prática do infanticídio – por infelicidade demasiado vulgares entre as nossas mães-solteiras e em grande parte motivados pelo medo da despesa, que não pela vergonha-sacrifício de pobres crianças inocentes que arranca lágrimas de compaixão aos mais selvagens e desumanos corações.
No milhão e meio de almas a que se eleva a população irlandesa existem, segundo creio, cerca de duzentos mil casais cuja mulher é fecunda e trinta mil, entre estes, em estado de sustentar os filhos (número que admito forçado tendo em vista a pobreza do Reino). Das cento e setenta mil reprodutoras que sobram púnhamos de lado mais cinquenta mil, que abortam, e aquelas a quem os filhos morrem com menos de um ano por acidente ou doença. Disto resulta um total de vinte mil crianças nascidas em famílias pobres e num só ano. Como educar tamanha multidão? Como garantir o seu futuro? Este problema, repito, não o solucionam os projectos que conheço em respeito com os dados da presente conjuntura. Porque não é possível arranjar tantos empregos na indústria e na agricultura; porque a construção hiberna (pelo menos na província) e os campos mantêm-se baldios. Viver da rapina? Impossível antes dos seis anos, não sendo com indivíduos excepcionalmente dotados. Concorde eu que os rendimentos de uma profissão se aprendem depressa, a verdade é que nunca ultrapassam, deste modo, o nível da aprendizagem. Colho estes dados de uma personalidade importante do Condado de Cavan que me assegura não conhecer mais do que um ou dois ladrões qualificados abaixo dos seis anos, apesar de precoces em tal arte os naturais da terra.»

Jonathan Swift

In. «Proposta Modesta para evitar que os filhos dos pobres da Irlanda sejam um fardo para os seus pais ou o País…»
publicado por MaiaCarvalho às 19:04

Graças a Deus sou ignorante e não percebo nada daqueles números elegantemente elaborados pelos nossos distintos economistas.
A saúde? Para que é que a saúde precisa de dinheiro? Se vier a benfazeja pandemia de gripe e for uma variante humana, o problema da saúde está resolvido se morrer um número suficiente de portugueses, (prevêem 12.000 mortos, mas com cuidados eficazes não é dificil chegar aos 25.000) a despesa pública com a saúde desce drasticamente!
A educação? Para quê mais educação? Então os imigrantes que nos chegam de leste não vêm já suficientemente educados?
Que desperdicio educar mão de obra cara (e pouco produtiva - dizem os politicos e os empresários), quando se pode ter mão de obra barata e já educada nos seus países de origem?

Este pequenino apontamento recolhi-o em «http://paulodasneves.blogs.sapo.pt/»





Proposta Modesta.JPG
Agora lá vai o meu contributo:

Jonathan Swift, no Séc. XVIII, mais precisamente em 1729, dava esta preciosa ajuda ao Governo Inglês da altura.
Eu não sou escritor, não tenho obra publicada, mas imaginação não me falta. Assim na mesma linha de politica de contenção, e uma vez que já possuimos Hospitais, SA, podíamos acabar com os dois milhões de pobres (2.000.000) que afligem a nossa economia, eliminando-os pura e simplesmente.
Não deve ser mais dificil do que eliminar dezenas ou centenas de milhões de efectivos pecuários infectados.
O que se poupava em prestações sociais, pensões de integração social, pensões de reforma, saúde e segurança social, a longo e muito longo prazo, justificava bem o investimento.
E deixávamos de andar a brincar aos socialismos e sociais democracias pseudo humanistas! Era mesmo tudo feito cinicamente e às claras, nada de ilusões!

Só mais uma pergunta: Quando privatizam o Estado?
Qualquer grupo económico comprava e desenvolvia uma economia sólida, baseada em escravos assalariados, certamente mais bem pagos que estes mantidos pelos governos que temos há mais de trinta anos. E ainda dava lucro. Tenho a certeza!

Quem quiser ler o opúsculo de que mostro o rosto, em cima, peça-mo dizitalizado e zipado para o meu endereço electrónico:

maiacarvalho@hotmail.com
««Isto é uma oferta de empréstimo gratuito de acervo da minha biblioteca privada.»»
publicado por MaiaCarvalho às 12:30

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